factos supostamente interessantes sobre a minha pessoa

Nasci com uma cabeleira ruiva e espetadinha para cima, ao contrário do cabelo loiro que tenho até hoje.
Quando era mais nova escrevia letras de músicas, cantava e dançava muito, queria até ser cantora quando crescesse, mas percebi que talvez não seja a minha vocação apesar de o continuar a fazer com imenso prazer. Escrevia poemas e pequenas histórias que nunca tinham fim.
No natal, nos meus anos ou fosse qual fosse o dia que alguém me quisesse oferecer uma prenda, ficava entusiasmada de tal forma que perdia o ar. A minha irmã pedia desesperadamente para não me darem mais nada, a achar que me podia dar uma coisinha má e que qualquer dia caía para o lado de tanta emoção.
Com apenas treze ou catorze anos descobri o mundo da blogosfera. Comecei a dedicar-me ao web design e foi assim que aprendi código como HTML e CSS. Costumava fazer designs para as páginas das pessoas que mo pediam e referia-me à entrega destes pedidos como “encomendas”, não pedindo nada em troca, fazendo-o apenas como divertimento.
Andei na catequese, mas rapidamente me fartei daquilo, na minha cabeça era uma perda de tempo fazer desenhos aleatórios e ver filmes sobre pessoas e narrativas imaginárias. Mesmo naquela altura já mostrava uma impaciência e intolerância enorme para “factos” não fundamentados com dados científicos e não conseguia perceber como é que nos podíamos fiar num livro antigo. Hoje, claro, compreendo a fé das pessoas, mesmo que eu mesma não a tenha.
Fiz voluntariado no estrangeiro no ano passado. Algo que desde sempre quis fazer dada a minha veia voluntária, de gostar de ajudar os outros e de ser muito empática. Uma coisa que agradeço à minha mãe por me ter transmitido desde sempre, uma mulher que sempre me inspirou aos bons valores como a boa educação, a ser profissional e prestável àqueles que o necessitam. O projeto ao qual me entreguei dedicava-se a ajudar crianças vindas do Saraha Ocidental, todas elas com problemas físicos e/ou problemas cognitivos e emocionais. Toda a experiência baseou-se em tentar animar e ajudar em qualquer situação consequente das doenças de cada uma das crianças. Foi algo que mudou completamente a minha perspetiva quanto ao mundo e, mais especificamente, quanto ao país de que vieram. A origem e desastre por detrás da existência de campos de refugiados é algo que muitos desconhecessem e eu sinto-me grata por ter conhecido um pouco da sua história pelas palavras de quem lá vive.
Não quero casar. Não vejo qualquer necessidade de o fazer, se estou com alguém durante muitos anos em princípio já sei que é a minha parceira para a vida, não preciso de um casamento arranjado nem de um vestido branco. O único benefício que vejo trata-se de assuntos financeiros; e, se matar alguém, o meu marido (ou mulher) não pode testemunhar contra mim, o que também pode ser bom.
Sou bissexual, não sei se isso é algo interessante ou não sobre mim, digo-o mais por ser algo que me caracteriza, talvez não em termos de personalidade, mas definitivamente teve um grande impacto em mim enquanto crescia. Sempre soube que me sentia atraída por homens e, ao mesmo tempo, também sempre soube que me sentia atraída por mulheres. Não sei como nem porquê nem quem ouvi a falar mal sobre a homossexualidade ou se fui eu mesma que lá cheguei, mas percebi que não era algo que devesse ser. Obviamente que hoje não penso assim, mas na altura via-o como algo que estava errado, então comecei a sentir-me muito reprimida. Só aos meus dezanove ou vinte anos, é que contei à minha mãe, depois ao meu primo e depois até o escrevi numa rede social só porque sim.
Tive depressão quando estava no oitavo/nono ano. Sempre tive problemas sociais e sentia muita tristeza até que comecei a não aguentar mais, as minhas notas tinham descido muito a partir do momento em que saí da primária. Rodeei-me de amizades tóxicas e a minha autoestima era muito má durante toda a minha infância. Também tive muitas professoras que me tratavam de forma desprezível apesar de, daquilo que me recordo, eu ser inofensiva. Cheguei a frequentar uma psicóloga durante esta altura e a tomar antidepressivos. Infelizmente não foi a única altura da minha vida que me senti mal e também não foi a única vez que tive uma depressão.
Quando estava no décimo segundo ano comecei a entrar em pânico com o que ia fazer a seguir. Não via mais nenhuma opção sem ser ir para a faculdade e os meus pais também mo pressionavam nessa direção uma vez que queriam o melhor para mim e vamos ser sinceros, em termos de rendimentos, normalmente sim, a faculdade é a opção mais viável, não os culpo por pensarem assim. Comecei a ver a minha média pelo cano abaixo por causa dos outros anos em que não conseguia estudar, já tinha perdido essa capacidade à muito tempo. Pesquisei cursos pelos quais tinha mais preferência e finalmente cheguei à engenharia informática. Dediquei-me mesmo nesse ano, aumentei imenso a minha média e entrei no curso. Ao mesmo, descobri um novo amor: a matemática. Que só a partir desse ano é que entendi que podia passar horas e horas a resolver problemas e consegui uma nota não muito expetável para a pessoa que eu era no ano anterior.
Gostava de voltar a ser criança, de não ter filtros, de chocar as pessoas com a desculpa da idade, de não ter qualquer tipo de responsabilidade e, especialmente, de ver o tempo passar tão devagar, mas ao mesmo tão depressa. Tudo passou e de um dia para o outro questiona-se para onde foi esse tempo. Mas a criança que tenho dentro de mim mantém a mesma ambição e sonho que sempre tive. O desejo de querer mais e de sonhar mais alto, apesar de toda a gente querer destruir os sonhos mais loucos e estranhos que outrora tive. A ideia de que não vamos conseguir atingir os nossos objetivos porque são demasiado difíceis de alcançar. Talvez sejam, mas trata-se de nos esforçarmos até, um dia, olharmos em redor e vermos com os nossos próprios olhos que, afinal, aqui estamos, e esses sonhos… foram realizados.

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